Raros são os momentos onde temos total controle sobre eles.
Numa divagação breve e calculista é possível se derreter diante da constatação
de que são praticamente fictícios. Somos frutos de um sistema maior do que o
político, o econômico. Somos parte de uma sociedade. Somos uma raça. Uma só,
ouviram?
Felizmente, isso não quer dizer que somos iguais. Somos raça
heterogênea, que vive, pensa e age diferente de todos - sem exceção – os seres
racionais que dividem essa fatia de tempo na Terra.
Ontem, 17 de junho de 2013, presenciamos uma parcela da
parcela brasileira da raça sendo representada na rua. Pois, apesar das
diferenças, um sentimento é uníssono por aqui: a injustiça. E é ele que moveu e
moverá muita gente a se juntar a uma indignação coletiva e totalmente legítima.
Tão rápido quanto à união, surgem as divergências. Normais e
saudáveis. Mas como tudo o que é humano, as diferenças vêm acompanhadas de
paixões. E a pior delas – sei bem porque luto contra ela todos os dias – é a
paixão por estar certo.
É dela que nasce a intolerância. O muro que separa os
indivíduos da sabedoria.
Depois de milhares de litros de cerveja, de centenas de
horas e muita saliva jogada fora em conversas de bar, conseguimos dar à luz o
discurso. Ver e participar do que parecia uma foto velha num livro didático.
Agora meus amigos, é preciso respirar e aliviar as paixões. A razão é o que vai
manter o discurso vivo.
Mas qual será o discurso?
Sugiro começar pelo começo. Terminar o que foi iniciado.
Baixar a tarifa. Sem a intolerância de ideias. Sem disputa por bandeiras. A
paixão por estar certo é uma cilada. Uma cilada que abocanhou quem já quis mudar
o país pra melhor no passado.
Nem direita. Nem esquerda. Nem revolucionário. Nem burguês.
Somos a parcela da parcela brasileira da raça humana e o
nosso prazer de estar certo é um deleite individual e egoísta. E claro, não vai mudar porra nenhuma.
A propósito. Pode dizer que estou errado. É perfeitamente possível.
A propósito. Pode dizer que estou errado. É perfeitamente possível.