Viver é simples e involuntário. Respirar é a
prova disso. Dominar as ações é praticamente impossível,
teoricamente utópico. Os desejos corroem as entranhas até que sejam
saciados, expurgados do corpo e da alma como o diabo na exorcismação.
E isso tira toda e qualquer possibilidade de domínio sobre a vida e
seus elementos.
Milênios nos desafiam e riem de nós, soltam
gargalhadas titânicas. Tudo porque, ingênuos, não temos ínfima
noção do que estamos fazendo neste mundo. É desaconselhável
refletir em demasia sobre a questão. A história prova que muitos
tentaram, mas quedaram diante da loucura. Se fosse o destino de tal
mistério ser compreendido, já o teríamos feito. É disso que
debocham os milênios.
Tentativas mais coerentes e saudáveis são as que procuram decodificar pequeninos problemas. Mínimos diante da grandeza da humanidade. Problemas de amor, de necessidade, de egoísmo, de ódio, de amor. Pois cada um de nós tem situações suficientes para gastar seus dias. Prefiro não descobrir a que vim, para não saber que fracassei.