As entrelinhas são discretas, até demais. Guardam segredos que ouvem direto dos lábios do coração. Ele, o coração, é tímido e só confia nas próprias entrelinhas. E sofre com a discrição alheia porque não consegue sozinho entender o que tentam lhe dizer. Fica acanhado, apertado, acelerado amiúde. Tenta pedir conselho à razão. Coloca empecilhos nas teorias que gostaria muito de acreditar, que procedessem. Tudo por culpa da impossibilidade de decifrar o que as entrelinhas dela escondem sem querer esconder. Um gesto, um desvio de olhar. A fuga dos olhos para qualquer lugar denuncia que há algo que o coração dela sussurrou, baixinho e quente dizendo “ei, é segredo”. Quando na verdade quer mais é que o mundo saiba, que ele saiba. Pra que os corações – dele e dela - possam bater daquele jeito que só se bate quando não há mais entrelinhas trabalhando, quando os olhos assumem o posto e entregam na maior dedoduragem o que as entrelinhas não tinham coragem de contar. Poderia ser mais fácil, mas aí, qual seria a graça?
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