Parece uma grande esteira automática rolante cercada de neblina e comigo a tiracolo. Acelerar o passo me desequilibra. Contê-lo não funciona. Vivo ao sabor da esteira. Ela me leva, eu não reclamo. Assim vamos, juntos. Eu e a esteira. Nunca perguntei aonde ela dá. Nem sei se minha companheira tem um final. Confio nela, mas não deveria. Afinal, para o que ela me leva?
Sem poder ver alguns metros a frente, achei de bom gosto abandonar a razão. Pensar é só um passatempo. Sentir é uma condenação. Ela, a esteira, decidiu assim. Ela me leva, eu não questiono. O que mais poderia ser assim tão intenso? Se eu é que levasse a esteira? Impossível. Pouco atraente inclusive. Cairia no erro mais primário: confiar em minhas convicções.
Estar convicto é deleite passageiro. Como tudo o que é bom e ruim. Permanente mesmo é a esteira. Que nem é boa e nem ruim. Ela é o que quero que ela seja. Até porque nunca pensei em que raios ela é de verdade.
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