No balanço quando te
empurraram um pouco mais forte ou em uma ingrime descida em ponto
morto. Geralmente é assim que nos acomete o primeiro frio na
barriga. Dá vontade de chorar, mas um sorriso também desponta. “Que
coisa é essa?” a gente se pergunta. Sensação estranha, gostosa e
ruim. De querer de novo e de nunca mais. É o nosso paladar
descobrindo o gosto de estar à deriva. Sem saber se é medo ou
excitação. Ambos, talvez. Com o tempo, por capricho do mistério, o
frio na barriga vai mudando o seu rosto. Se disfarça para nunca cair
em desuso. Vira olhares, pegar na mão. Vira sim e vira não. Depois
se traveste de amor. E quando de mal humor, de fim. Assim a vida vai,
com o frio na barriga e suas traquinagens que nos temperam com sabor
agridoce, só de sacanagem. Mas não se engane. Ele é o mesmo de
sempre. Por mais que se fantasie, o frio na barriga continua sendo só
a gente voando mais alto no balanço.
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