Hoje pela primeira vez
sinto que envelheci. Nada grave. Mas sinto. Acordei com um sol quente
e muito amarelo sobre a minha cara e uma ligação. E de maneira
inédita entendi que alguém lembrou de mim muito cedo. Saber da
importância desse ato me esclareceu a minha verdadeira idade.
Passei por algumas
coisas que me transformaram. Nem me reconheço mais. E o melhor de
tudo é que acho isso incrível. Meus olhos se abriram para pessoas
que sempre me deram muito mais do que um simples olá. Que me deram o
presente da sua companhia. Mas antes, no auge da minha juventude
cegueta, não conseguia dimensionar o papel que elas desempenham na
minha linda vida.
Posso dizer que tenho
amigos e família. De verdade. Nem sei se deveriam ter nomes
diferentes. Os meus amigos são a minha família – é
propositalmente ambíguo. Tenho em mim um sentimento de – até
agora – dever cumprido pelo simples fato de ser franco, sincero com
quem me cerca. E agora, comigo. Já não sei me esconder, nem
interpretar. Talvez só no papel.
Tento todos os dias me
conscientizar dos meus defeitos, das minhas manias. Pragas que antes
não tinha ideia de que continha. Percebi que a minha personalidade é
forte, a minha voz é grave e as minhas palavras ásperas. Combinação
perfeita para a antipatia. Portanto comecei a me reeducar. Tentar
falar menos, mais baixo, com menos certeza.
É um processo longo,
contudo prazeroso, para entender que tipo de ser humano eu quero ser.
Eu quero ser o melhor sabendo que nunca serei. Assim não deixarei de
me incomodar com a minha própria postura, com meus próprios
pensamentos. Ai então conseguirei não sossegar até a derradeira
hora que sossegarem por mim.
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