terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Me julgue

Pode julgar o fato de eu comer um chiclete que caiu no chão. Não ligo se você disse que é nojento comer chocolate com feijão. Me dê um conselho careta depois que beber até cair e me diga que isso não leva a lugar algum. Comente com a vizinha que eu estou desempregado. Chame a polícia pra quando eu admirar alguém após o banho. Faça cara feia pra pornochanchada. Caras de 60 não amam garotas de 20. Eu gosto de futilidade. Sou egoísta. Digo a verdade. Odeio caridade. Só eu fico muito mais a vontade. Filosofia é ocupação barata. Geografia não me impressiona em nada. Inglês é universal, e daí?! Você tem corruptos na sua casa.

Não, eu não sou assim. Isso é o que dizem de mim. Todos os outros são muito piores. Eu não faço um terço do que eles fazem. Tenho a mente aberta e amo malabares. Coitadas das crianças na rua. A natureza é tão bonita crua. O sol, o mar, e eu. Poetas são gênios. Malucos excêntricos. Eu quero deitar na grama. Não quero dinheiro nem fama. Trapos são lindos em mim. Sandálias confortáveis. Bolsas de cetim. Ervas e aromas me levam. Me querem perto da relva.

Será possível? Eu ser assim. Quieto e falante. Calmo e vibrante. Orgulhoso e humilde. Amante do valor e do calor. Irado e de bom humor. Preocupado e relaxado. Gigante e humilhado. Dourado e de prata. Simples e elaborado. Velho e moço. Liso e escovado. Um espelho espelhado.
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