sexta-feira, 29 de abril de 2011

Bobagem!

Bobagem! Bobagem! Bobagem! Tudo o que todo mundo lê, ouve ou vê por aí, agora é bobagem. A chance de alguma coisa fazer sentido é mínima frente à resistência em considerar que a opinião do outro pode ser, sim, válida. Concordo com vocês chorões que a vida está difícil e que não se pode confiar em qualquer ladainha solta aos quatro ventos por aí. Mas espere. Daí eleger dois ou três gurus e seguir de maneira religiosamente fiel as suas sábias palavras já é demais. É contraditório. Com esse mar de gente querendo se expressar, vocês recorrem ao velho testamento, digo, pensamento? 

É preciso destreza e inteligência para aproveitar o mundo. Porque hoje, on ou off, ele é um só. E as opiniões, escritas ou da boca, também são as mesmas. E por onde pegar os falsos pensadores? Como desmascarar os falsos profetas do mundo moderno? Dizê-lo-ei. Pelo argumento meus amigos! Pelo argumento! Quem falou, por onde, como. Nada disso importa. O que diferencia uma informação útil de uma bogagem é o argumento.

O que é pra você esse texto? Bobagem?
Que seja.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Queria um endereço


De tudo o que eu poderia desejar uma só coisa me atormenta o querer: um endereço. Não para morar, construir ou trabalhar. Não para visitar, ostentar. Queria mesmo era um endereço para enviar-lhe um pequeno adereço contido dentro de um sinal de carinho. Um adereço que contém espinho, mas que tem um vermelho, um rosa, um branco que só faz compensar a pua que a natureza lhe colocou no caule. Só queria um nome de conde, de presidente ou de herói. Só queria um número, par ou ímpar, não importa o lado. Só queria um endereço. Um endereço para mandar flores.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Um coração nunca é
um coração se só está
é metade, uma parte, só.
Um músculo apesar de robusto
Só.

Um coração sempre é
um lar se aberto está
para um novo ou antigo amor
mesmo com tantos os sustos
não se fechar, para não ficar
Só.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

My Generation Mulamba

A minha geração está meio estranha. Não sei dizer ao certo o que me incomoda nos meus "iguais". Algumas coisas saltam aos olhos, que se atentos, observam um festival de contradições. São coisas da idade, mas convenhamos, há certo exagero. É impressionante a quantidade de gênios da minha geração. Como todos, incompreendidos, desabafam seu descontentamento com a sociedade, com o coleguinha de trabalho que ele tanto odeia e com  todos os ignorantes imprestáveis que insistem em migrar do Orkut para o Facebook.

Ó Santo Zuckerberg, salvai-nos da mediocridade das almas que não sabem usar as redes sociais! Uma questão de assaz importância para a humanidade. Enquanto alguns covardes lutam suas lutas desplugados, nós, os reais revolucionários estaremos sempre a postos caso um TT que não mereça destaque entre na gabaritada lista de tendências. Temos que lutar contra a utilização vazia e despretenciosa dos nossos tão amados mecanismos de comunicação da internet.

Tanta autoridade no julgamento do nível intelectual do outro se deve ao já citado estado de genialidade da minha geração. Os intelectuais estão espalhados pelas timelines de todo o mundo, discorrendo sobre assuntos que emergem como bolhas de um caldeirão chamado Cultura Pop. Almas sem salvação vagam dividindo a opinião pública, mas não os gênios, os gênios são diferentes. Justin Bieber, BBB e seus seguidores são fulminados sem piedade, palavras de maldição são jogadas contra aqueles que cospem na cara de Andy Wharol e Tarantino. "Hereges! Hereges!" chingam os gênios quase sem fôlego de tanta velocidade empregada ao teclar.

Minha geração. Que orgulho de #fazerparte!

sexta-feira, 1 de abril de 2011

A Primeira Mentira

Logo que saiu daquele úmido e gelatinoso lar desatou a chorar. Não antes de levar na bunda um belo tapa mesmo sem saber o que era. Doeu. Aprendeu a primeira lição. Uns homens, que num primeiro momento pareciam todos iguais o reviravam todo e passavam uma coisa macia e áspera ao mesmo tempo pelo seu corpo. Levaram-no até uma mulher que chorava às bicas, então pensou "Devem ter feito aquilo que fizeram comigo com ela também". Ouviu uma voz dizendo "Olha a mamãe". Já tinha escutado algo parecido durante alguns meses antes de se mudar. A "mamãe" disse "Que lindo é o meu bebê!" Ouviu sua primeira mentira. Era primeiro de abril.
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