segunda-feira, 30 de maio de 2011

Quando Eu Acordei

Há noites que por muito pouco não me recuso a dormir para não abandonar meus pensamentos ao descuido do descanso. Apesar de saber que é necessário ao corpo que a mente descanse, acho o sono excessivo e, às vezes, desnecessário. Milhares de palavras, pessoas, situações reais e ficcionais, hipóteses, diálogos, fantasias, idéias, sentimentos, tudo, navega entre meus mortais neurônios com tanta avidez e velocidade que chego a temer uma literal explosão cerebral, mesmo que ainda – segundo minha memória – não se tenha registrado nenhum caso parecido.

Sou ansioso por natureza. Em fase de reeducação comportamental. Um processo lento e doloroso. Não acredita? Diga a um ansioso que você tem uma novidade para ele, mas que só pode ser revelada daqui a um mês. Seus sintomas serão comparáveis aos da abstemia. Unhas serão ruídas, cabelos arrancados e palpitações surgirão. Conta-se até casos em que o desespero é tamanho que falta ar ao ansioso. Por isso arrisco horas de sono em favor dos pensamentos. Quero a materialização rápida, instantânea se possível. Uma ideia não pode ser um ideia por muito tempo. Ela tem que surgir, linda e maravilhosa diante dos meus olhos. Claro que vivo numa constante onda de decepção, já que nem todas as ideias podem ser gestadas. É a vida. Uma substitui a outra e eu volto a pensar. É um ciclo infinito e abstrato.

De uns tempos para cá, voltei a sonhar. E fiquei encantado com o que a minha mente é capaz de produzir inconscientemente. Pessoas, palavras, diálogos, fantasias, sentimentos misturados sem o meu pudor, os meus preconceitos e principalmente sem a minha razão. Tudo por não estar acordado. Os sonhos me conquistaram, mesmo não sendo sempre maravilhosos como eu gostaria. Mas tudo bem. A vida também não é do jeito que eu gostaria. Por que os sonhos haveriam de ser? Voltando a pensar descobri que há mais realidade nos sonhos que sonhos na vida. Daí por diante resolvi inverter esse quadro. Acho que estou conseguindo.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Frases Comentadas Parte 8

"Os livro ilustrado mais interessante estão emprestado".
                                              Por uma vida melhor -  Livro distribuído a 4.236 escolas do país pelo MEC.




Fogo cruzado entre a opinião pública e os poucos defensores do tal livro distribuído pela rede de ensino deste letrado país. Há certo fundamento quando a defesa alega que é preciso respeitar os termos coloquiais de nossa língua. Concordo, em partes. Li e logo depois sorri, como não haveria de ser de outra maneira, uma declaração que dizia algo como "não se pode julgar uma pessoa pelos seus erros e acertos linguísticos". Me perguntei: Como não!? 


Falar e escrever errado não pode ser considerado normal. A comunicação, seja qual for sua forma, é feita de clareza. Pintou ruído? Fudeu. Gramática, ortografia; regras precisam ser aprendidas para só depois serem quebradas com a propriedade de quem raciocina o suficiente para questionar. Agora me digam, se é possível um garoto em formação distinguir entre o certo, o errado e o aceitável numa sentença gravada num livro didático. 


No fundo entendi o que os autores pretendiam. "Debater o uso da variação linguística para ressaltar o papel e a importância da norma culta no mundo letrado". Ok, abordagem interessante. Mas se esqueceram de puxar da memória onde moram e como é precário o nosso ensino. Crianças na quinta série sequer interpretam um texto simples sem dificuldades. Para que esse debate pudesse acontecer, teríamos que estar no mínimo em 2030. 

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Ah, as minhas mãos frias.

Eu sei quando está frio. Sei, porque minhas mãos me contam. Meus dedos sentem antes de todo mundo que a temperatura está caindo. E como uma satisfação pueril, eu me orgulho disso. De ter mãos alertas às reviravoltas climáticas. Por que? A desculpa é tão inocente quanto eu sou. Porque acredito pio no ditado que dá aos seres de mãos frias um pulsante e escarlate coração quente. Podem ficar com esse sorriso de canto de boca, e dizer "nossa!". Eu não ligo. É um motivo bom o bastante para mim, um motivo lírico e que faz mais sentido do que qualquer explicação científica sobre a relação entre metereologia e epiderme. Prefiro assim. Inventar meu próprio universo, cercado de simbologia e significados, onde a razão é parte - e só uma parte - da minha íntima e única realidade. Gostaria muito de convidá-los a conhecer esse meu mundo. Mas ele está longe demais, dentro de mim.
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