quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Estranhamente à vontade

Energia, química, física, sei lá. Algumas pessoas são ligadas à outras de uma forma enigmática e completamente sem explicação. Não sei se algum acadêmico insano já se propôs a estudar o caso. Também não fiquei ciente se o mesmo teve a ousadia de nomear este insólito fenômeno. As causas e os porquês não são preocupantes. Agora, o que me faz meditar de modo tão curioso e infantil (no bom sentido) é o instante em que se percebe estar participando de uma cena onde dois indivíduos que nunca tinham se deparado em lugar algum desta úmida atmosféra sentem-se "estranhamente à vontade" numa conversa noturna que servira de preâmbulo para uma curta, porém agradável noite de sono. Há algum motivo? Há alguma predestinação? Não sei. Quem saberá? O certo é que em dias de total hegemonia da impessoalidade, é gratificante encontrar alguém que não limite-se a conversar sobre as condições metereológicas de um dia cinza e sem graça. Não importa no que resultará - ou resultou - este casual e inesquecível encontro. O que realmente importa é saber que você participou de um ponto único no espaço e no tempo. Sorria para o acaso, às vezes ele sorri para você.

domingo, 17 de outubro de 2010

Reflexões de um domingo à noite

O que mais teme um homem que o ato singelo da decisão? Claro que adjetivar o verbo decidir de singelo é pura ironia. A escolha de um caminho geralmente é acompanhada de variáveis que nem sempre podem ser numeradas. Ser ou não ser. Ir ou não ir. Beijar ou não beijar. Parece simples, parece fácil, mas as possíveis consequências inóspitas fazem da mente, alma e coração, o inferno pontual de cada escolha, trazendo um odioso medo do que pode acontecer. E que impiedosamente tira a doce vontade de realmente saber o que virá. Não trata-se de uma ciência exata, não há certezas. Nada é só certo ou errado. Talvez por isso a existência de um receio crônico do que está por vir. Estamos aqui para isso, viver. Amanhã não importa hoje. E hoje não importará amanhã. Somos um livro escrito sem a chance de apagar erros de concordância e coesão e que a cada página revela mistérios, amores e desilusões que uma boa trama exige. E é esse o acento agudo que sonoriza a vida, a nua sinceridade de ser quem se é.
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