sexta-feira, 27 de abril de 2012

Xeque


Descobriram durante uma maliciosa conversa de bar que a vida é cíclica. Uma velha novidade, martelada insistentemente pelos pioneiros dessa descoberta. Contudo, só fica verdadeiramente esclarecido sobre o tema, quem sente cada fim e começo e começo e fim. Aliás, esse negócio de começar e terminar e depois começar de novo é difícil de pegar. Ninguém vira especialista de tão principal matéria. A explicação é simples como dois e dois são quatro. A vida é cíclica. E se é assim, tudo muda. O jogo se alterna. Os peões viram bispos. E as rainhas, reis. Vai-se arriscando nas estratégias, elaborando possibilidades. Ao sabor das próprias conjeturas. Se joga com intensidade vital até que de uma hora para outra o xeque se apresenta. Por nossa vontade ou não. Apesar de saber que o fim é certo, ficamos sobressaltados por um certo receio subconsciente de um novo começo. Fazer o quê se é cíclica a vida? Traz mais uma Valdir.

domingo, 22 de abril de 2012

Rabisco

Se amasse além do que quisesse
Antes que devesse
Quem eu não pudesse
Seria nada mais que apenas
Eu; tentando provar
Que ao contrário do ideal
O amor é rebelde
E apesar de ser como é
Nunca quer acabar mal.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Frio na Barriga


No balanço quando te empurraram um pouco mais forte ou em uma ingrime descida em ponto morto. Geralmente é assim que nos acomete o primeiro frio na barriga. Dá vontade de chorar, mas um sorriso também desponta. “Que coisa é essa?” a gente se pergunta. Sensação estranha, gostosa e ruim. De querer de novo e de nunca mais. É o nosso paladar descobrindo o gosto de estar à deriva. Sem saber se é medo ou excitação. Ambos, talvez. Com o tempo, por capricho do mistério, o frio na barriga vai mudando o seu rosto. Se disfarça para nunca cair em desuso. Vira olhares, pegar na mão. Vira sim e vira não. Depois se traveste de amor. E quando de mal humor, de fim. Assim a vida vai, com o frio na barriga e suas traquinagens que nos temperam com sabor agridoce, só de sacanagem. Mas não se engane. Ele é o mesmo de sempre. Por mais que se fantasie, o frio na barriga continua sendo só a gente voando mais alto no balanço.
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