terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Ela Que Não Sabe (Quer) Realizar

Noites e noites deitando sobre o travesseiro imagens que nunca passam de meras figurações do que poderia ser realidade. Se ainda não o são é por culpa da covardia. Desculpe ser tão rude, mas me fogem eufemismos para essa desqualificação.

Sobre a mesa uns pequenos pedaços de papel colorido, rabiscados com lembretes de tarefas que jamais serão  cumpridas. Só não é tortura porque de alguma forma os papéis a confortam de um jeito mórbido e sombrio. É como uma deixa para qualquer desculpa mal inventada se encaixar perfeitamente na sua consciência covarde.

A cada mês passado aumenta a sensação de que o que deveria ser feito fica gradativa e definitivamente para trás. Acho que ela espera por isso. Espera que a sua mente se esqueça de anotar novas tarefas nos papéis coloridos. Porém com todos os dias nasce um novo desejo. Acumulam-se em montanhas coloridas de celulose, quase tão grandes quanto o medo de realizá-los.

Encontrei-a outro dia passeando. Tinha agarrada ao colo um livro grosso e aparentemente pesado. Assim que a vi acenei e tive como retribuição um lindo sorriso. Nos aproximamos e conversamos. Perguntei o que era o pequeno papel rosa colado ao livro. Respondeu-me serena que estava indo viajar.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Clarisse


Não conheço Clarice. 
Nunca a vi passar.
Algum mistério que a envolve me desperta
Curiosidade ao reverso.
Vontade de conhecê-la fisicamente não tenho.
Gostaria mesmo era de desvendá-la.
O que queria dizer Clarice?
É o que dizem por aí.
Seria mesmo triste assim?
Acreditando e desacreditando no amor.
Clarisse.
Dizem que se parece com uma flor.
Só que desabrocha no inverno.
Para reinar sozinha
Infinita
Na imaginação de todo beija-flor.
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A obra Assunto Popular Brasileiro de Diogo Dias foi licenciada com uma Licença Creative Commons - Atribuição - Partilha nos Mesmos Termos 3.0 Não Adaptada