Aguardo pacientemente a revolução. Sentado em um banco de
praça, vendo as rodas pequeninas de um lado para o outro. Observando o sorvete
se liquidificando debaixo dos raios de sol. Ouvindo os carros e toda forma de
atrito gerado pela física urbana.
Queria eu ter a sagacidade e competência para olhar feito
raio X para as mazelas do mundo. Encontrar os minúsculos ferimentos incrustados
nas unhas podres da sociedade. Mas eu não posso. Eu não consigo. Talvez eu
esteja enganado. Nem quero.
Sou fraco demais para a revolução. Só pretendo amar e mudar
as coisas, como a alucinação de Belchior. Aliás, há vezes que acho que realgumacoisar
é perda de tempo. Revoluir é um verbo que se quer existe. Acho que ele tem um r
sobrando. Acho que é isso.