terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

O Infeliz Desejo

O desejo é irônico e sagaz. Aparece sabendo que é a hora mais péssima possível de dar a face. Não quer saber das consequências, dos obstáculos. Aparece. Assim como desaparece após o ritual que o conclui e sacia. De carne ou de gana. É ele, plácido e cínico. Com seus objetivos brandos para si, mas luciféricos para aquele que o é atormentado. Resta a angústia de conviver desejando. Coisas, pessoas e sentimentos. Desejo é por vezes confundido com necessidade. Transtorno grave. Pois sabe-se que são muito diferentes uma da outra. O homem nasceu nu, mas morre empacotado dentro de trajes que nunca usou a vida inteira. Desejo? Ou necessidade? No fim acaba-se preso, trancafiado dentro de medidas, valores. Desejando ser livre, já sendo. Desejando ser feliz, já sendo. Necessitando desejar, já saciado. 
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