Ela é uma caixa
Com a tampa milímetro aberta
Que exala calma um perfume só dela
Doce, voluptuoso, aquele ao pé da orelha.
Deturpa-me os sentidos
Me leva para dentro
Faz-me boneco
Vítima de lampejos
Quebra minha rotina, brinca de me arruinar
Finjo que aceito
Para efeito de continuar.
Mas ela é uma caixa
De milímetro sempre a cerrar
Esconde desejos
Não se deixa bisbilhotar
Tremendo fastio
Porém incapaz de me quedar
São o teu cheiro e minha curiosidade
Para efeito de continuar.
E ela é uma caixa
E espaço tem
Falta saber o que guarda lá dentro
Ainda não guarda ninguém
De surpresa, de Pandora
De pele macia ou de papel
Ela é uma caixa que embala
Com carinho
O inferno ou o céu.
segunda-feira, 27 de junho de 2011
sexta-feira, 17 de junho de 2011
Escapou
Tudo fica devidamente sinistro quando alguém diz o que não devia. A reação é espontânea e hilária, claro, quando não trágica. É difícil se conter em certas ocasiões, por isso entendo completamente quando aquela senhora besteira escapa de entre os lábios, chicoteada pela língua afiada como um bisturi. Se parar pra pensar, é um momento de raro desconcerto, onde todos os presentes se encontram no mesmo sentimento, na mesma sensação e, por que não, no mesmo pensamento. Entreolhares nada discretos, limpadas de garganta e posturas sendo corrigidas nas cadeiras denunciam que alguém, ali, disse uma grande merda. Faz parte. Dali a uns minutos tudo volta ao normal e a memória se encarrega de esquecer ou não. Das situações deste tipo de que lembro dou risada, das que não, talvez tenha sido melhor esquecê-las mesmo.
segunda-feira, 6 de junho de 2011
Fui Apresentado
Fui apresentado a uma coisa
Sem nexo
Sem medo
Sem tato
Fui escorraçado, chutado, cuspido
Pra fora
Pra dentro
Pra sempre
Ainda assim, não prego um maldizer sequer
contra isso que friamente me quer
no chão
para estender terna sua mão
quando bem entender
Sem nexo
Sem medo
Sem tato
Fui escorraçado, chutado, cuspido
Pra fora
Pra dentro
Pra sempre
Ainda assim, não prego um maldizer sequer
contra isso que friamente me quer
no chão
para estender terna sua mão
quando bem entender
sexta-feira, 3 de junho de 2011
Pensamentos de Calçada
Pudesse eu fazer o que bem minha alma quisesse
faria coisas de se duvidar
Queria correr constante, incansável
por toda a terra, por todo o mar
Queria me esgotar pra ela
até o último emiéle
roubar toda luz
que coubesse do lado de fora de uma janela
Faria absurdos, insultos
milagres, espalharia murmúrios
de que eu estava errado
só pra ter a verdade ao meu lado
faria coisas de se duvidar
Queria correr constante, incansável
por toda a terra, por todo o mar
Queria me esgotar pra ela
até o último emiéle
roubar toda luz
que coubesse do lado de fora de uma janela
Faria absurdos, insultos
milagres, espalharia murmúrios
de que eu estava errado
só pra ter a verdade ao meu lado
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