quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

É privilégio

Constantemente sinto uma sensação indescritível de privilégio. Aquele vento que bate na face e gruda a roupa ao corpo, ao mesmo tempo em que diz algo na língua dos ventos, mas que se pode entender. Andando por uma calçada de mosaicos monocromáticos percebo o lugar, as pessoas e suas atitudes. Nada passa despercebido. Caminho por uma terra de vanguarda e astúcia. Onde o medo do ridículo não aflige a arte. O ridículo, aliás, faz parte da tentativa do genial. É um risco que se corre, e que eu e muitos topamos pagar. Ao fim das caminhadas distantes mas compensatórias, sempre me deparo com o novo, o velho, os dois. E a fascinação de presenciar, ali, tão perto, a junção dos tempos verbais, é plena. Era. É. Será. Tudo em um só lugar. Orgulha-me saber que independente da corrente ou da forma de expressão, há e em abundância, aqui e agora, a mais fina produção artística, nascida do mais puro talento e da mais corajosa audácia que o homem pode alcançar.


Coragem é o que falta para quem não vê isso tudo. Quem não enxerga beleza no rústico ou não valoriza o sofisticado por nu preconceito. Não se trata de uma guerra de classes artísticas. Trata-se da sobrevivência intelectual humana. Não importa quem ou como, ou por que. Importa a motivação, o sentimento de se fazer arte. De coração. O dinheiro? Bom. Vive-se sem ele? Então não julguemos quanto vale a arte. Aplaudamos quem a valoriza, pagando muito ou não. A inteligência do mundo está na arte. E a arte está aonde? Diga-me você.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Engraçado como são genéricos os sentimentos

Quem nunca antes não se deparou com algum trecho de algum livro escrito no século passado que parecia estar falando direta e exclusivamente contigo? Quem nunca escutou uma música cuja letra e melodia parecem encaixar-se na sua vida como se tivesse você sido a fonte de inspiração de alguém que nunca o conheceu? Alguns podem culpar a falta de originalidade. Mas eu, particularmente, aposto na qualidade genérica dos sentimentos. Passa o tempo, mudam as pessoas e eles continuam os mesmos. A vida se mostra como um grande roteiro de cinema, onde cada personagem enfrenta conflitos internos e externos que o fazem evoluir, rir ou chorar, crescer ou definhar. E como dizem, a vida imita a arte. Amores impossíveis, empregos perdidos, amizades destruídas, sucesso, fracasso. Tudo isso gera os mesmos sentimentos, as mesmas lágrimas e as mesmas gargalhadas que nenhuma pessoa até hoje aprendeu a controlar. Controle, aliás, é um sentimento, e dos mais genéricos. Digo porque. Todos acham que podem controlar suas vidas, seus pensamentos, suas atitudes. Mas não. Somos guiados, conduzidos a força extraordinária por lindos e escrotos, os genéricos e inconsequentes...sentimentos. Quer um conselho? Deixe estar.
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