terça-feira, 30 de agosto de 2011

Afã

Fanatismo é uma palavra assustadora. Sinto algo parecido com claustrofobia - não sei dizer exatamente o que é - quando ouço ou leio esse verbete. Fico ainda mais aterrorizado com o apócope "fã". Ô coisinha minúscula e destruidora!

Quando alguém me diz que é fã de alguém, me preparo para uma tempestade passional de elogios e frases carinhosas. Nada de errado nisso. A não ser pelo fato de que o agraciado pelos afagos verbais não tem a mínima noção sequer de quais são as iniciais do seu admirador. As partes nunca se encontraram, e possivelmente nunca se encontrarão. Mas por alguns estímulos de ordem midiática, surge uma paixão unilateral. E o fã, coitado, prende-se na perfeição do ídolo. Quer ser igual. "...ou parecido. Já serve...".

O problema é que ídolos também são fãs. Assim o efeito dominó é desencadeado, encadeando cada vez mais as pessoas. Um é fã de outro que é ídolo de um. Mas sem drama eu compreendo tudo. Sejamos fãs de qualquer um, menos de nós mesmos. Porque de autogênios o mundo já está farto. Como dizia meu ídolo Fernando Pessoa: "...E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não podem haver tantos", não é verdade?


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