quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Quitéria

Quitéria pare de reclamar! Mas que coisa Quitéria! Já lhe disse que se a comida estiver sem sal, bote. O dia está de gelar as canelas? Agasalhe teus cambitos. Nunca vi quem reclamasse mais que ela. Coitada da Quitéria. Ficava sentada, ouvindo a própria respiração na varanda que dava de frente pra Rua do Cisne. Passava o Zé Ferreiro, o Maltinho e o Milton Jacarandá. Quitéria mandava uma "olá". Mas ninguém se dava ao esforço de retribuir o cumprimento. Como era feia e desajustada a bichinha. De dar dó. Era compreensível que a mulher não calasse a matraca, reclamando de Buda a Maomé.

Mas um dia, que nem belo era, apareceu na vida de Quitéria um moço dos mais corajosos. Galenteava como um princípe aquele ser de rosto castigado pela natureza. Os cromossomos da beleza a abandonaram. Mas os da sorte foram solidários. Quitéria fazia-se de difícil, mas sabia que era aquela a única saída pra se desvirginar no amor. E o moço, além de corajoso, era insistente. Perseverou até o dia que comprou uma flor. Quitéria enfim acreditou, que o seu destino enfim a ajudou. Quando ela finalmente disse sim, o moço teve os olhos abertos, o encanto disperso e um grito soltou: Meu Santo Deus do Céu!

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Que Seja

Que chova
Que molhe
Que fale
Que chore
Que cale

Que esqueça
Que queira
Que peça
Que ouse
Que seja!

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Acordem barbados!


Sei que não tenho nada a ver com isso - e nem venha tentar me convencer de que tenho. Mas é que fiquei muito encabulado com essa história toda. Analisemos o cenário e seus personagens. O local sacrossanto do livre pensamento é ferido pela presença de autoridades odiadas pelo futuro da nação, mas que dias antes tiveram seus serviços solicitados de joelhos pelo senhor reitor, acatando reivindicação dos frequentadores do ambiente. Frequentadores estes que tinham razão em querer não levar uma bala na cabeça ou ser uma vítima do ainda não inventado maníaco da Cidade Universitária. A coisa estava tão tensa que a rapaziada resolveu dar uma relaxada. Coisa pouca. Opa! Peraí! Cadê a minha liberdade agora? Apagaram com o coturno.

O futuro da nação não gostou nada disso, e viu nesse factoide a perfeita oportunidade de seguir as tendências mundiais. Como assim, somos jovens em um país desigual e não lutamos por nada?! Que absurdo, que injúria! Brigaremos então pelos alunos repreendidos pelos malévolos homens da lei. Falando em lei, gostaria de lembrar que que ela existe. Longe do pensamento fundamentalista, acho saudável quebrar regras e até leis de vez em quando. Eu mesmo o faço. Claro que não contarei quando e como. Sabe por quê? Simples. Por causa das consequências. Faço errado e sei disso. Não tento convencer o mundo do contrário.

Moralismos à parte, ética e bom senso à parte, a bula do simancol à parte, o que está mesmo faltando ao futuro da nação é uma boa dose de realidade. Matéria que deveria ser incluída na Fuvest do ano que surge. Quem sabe assim as caras metidas em Foucault e Marx olhem para o mundo aqui fora e possam finalmente exercer a intelectualidade com o mínimo de discernimento e um pouco menos de paixonite aguda pelo suposto poder de poder qualquer coisa. Quem mais sai perdendo com essa zona toda é o meu, o seu e o futuro deles; o futuro da porra da nação.


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