sábado, 30 de maio de 2009

Nós não percebemos, mas ela já não é tão fascinante assim.


Ontem por qualquer motivo, fui colocado a frente de uma obra de arte. Conhecida pelo mundo como uma das maiores de todos os tempos. E eu, um mero rapaz conteporâneo do século XXI não possuia a menor noção do seu teor de genialidade e emoção, me deixando completamente perplexo e rendido, como se estivesse visto qualquer coisa assustadora demais para me paralisar. Era a Nona Sinfonia de Ludwig Van Beethoven. 

 

Essa experiência me levou a uma série de reflexões sobre a música. Reflexões que tiveram constatações catastróficas, algumas já conhecidas, outras esperadas. O resumo da ópera é que a minha geração e provavelmente a sua, foi tomada por uma ignorância musical sem precedentes. Não precisamos ser historiadores ou grandes maestros para constatar que ao contrário de outras áreas, a música teve uma enorme pausa na sua evolução no final do século XX. Não satisfeitos, os responsáveis pelas expressões musicais atuais iniciaram uma queda livre desesperadora de criativadade e qualidade. Não falo de estilos. Não se pode comparar música erudita, com jazz, rock n' roll, ou um partido alto. Cada estilo nasce de verdades diferentes e seguem caminhos distintos. O que julgo é a mediocridade de quem hoje é idolatrado por fazer "música", mas que no fim das contas é um simples ignorante, e não sabe ao menos o que é um diapasão. Nós, apreciadores, ouvintes, seja lá qual for a nomeclatura, mas que apenas gostamos de música não temos esta obrigação, mas quem vive dela tem.

 

Não era a intenção no começo do post, mas vi que seria inevitável não dar nome aos bois. A música deixou de ser uma expressão artística, algo que nascia de um sentimento, de um ideal. Passou a ser mercadoria. Artistas mundialmente conhecidos, hoje não passam de uma minuciosa seleção de casting. Jonas Brothers, Britney Spears, Spice Girls e BackStreetBoys, são personificações do que hoje faz sucesso. A música virou moeda, e das mais valorizadas. O verdadeiro músico, sem os mesmos potenciais estéticos dos integrantes dos grupos citados anteriormente, fica atrás do palco, seu talento é roubado descaradamente e transferido a outra pessoa. Ele não reclama porque é isso que o mantém fazendo o que ama. Ele aceita ser coadjuvante, mesmo sabendo ser o protagonista. Vivo me perguntando: Quando essa terrível tendência nasceu? Não sei. Mas, pense em Michael Jackson. Ele tinha uma escola musical fantástica, o soul music, um estilo que esbanja talentos como James Brown e sua trupe por exemplo. Porém qual é o título de orgulho do nosso bicolor Michael? O Rei do Pop.

Onde quero chegar?

Isso é a síntese do que aconteceu com a música. A essência, o talento, o dom, não são mais valorizados e o que vale agora é a imagem, o ícone.

E tudo isso é como uma doença terminal. Vai consumindo a música, o que ela é, o que ela foi. 

Coloquei aqui o trecho do filme "O Segredo de Beethoven", para que vocês ouçam com seus próprios ouvidos o que estou tentando dizer. Beethoven praticamente iniciou o período Romantico na música erudita, e como todo artista romântico ele defendia a liberdade de expressão, a sinceridade na arte. E isso é notável neste vídeo, que, mesmo sendo uma interpretação ficcional, sentimos que a música é sincera, que foi uma criação carinhosamente elaborada, e executada pelo autor enquanto lhe restava forças. Mas infelizmente a sinceridade na música não é notada, atualmente boa parte do mundo não tem essa sensibilidade. Mas a cada dia fica mais fácil de perceber quem ama a música e quem apenas trabalha com ela. Pois é complicado acreditar na sinceridade da música dos Inimigos da HP quando se lembra de Cartola, que se foi sem nenhum centavo no bolso e cantando até seus últimos suspiros os sambas seus sambas mais sinceros. 

 

Os vídeos. Compare e Comprove:

 




Nenhum comentário:

Postar um comentário

Licença Creative Commons
A obra Assunto Popular Brasileiro de Diogo Dias foi licenciada com uma Licença Creative Commons - Atribuição - Partilha nos Mesmos Termos 3.0 Não Adaptada